Da Alquimia à Química
- Transformação química: um domínio de longa data
Ninguém sabe quem descobriu o fogo, mas podemos imaginar o sucesso que ele fez. Acredita-se que o domínio do fogo abriu o caminho da civilização, tendo sido a combustão uma das primeiras reações químicas experimentadas pelo ser humano.
As transformações químicas - transformações de uma substância em outra - sempre fascinaram a humanidade. A partir delas surgiram processos que ajudaram a melhorar a vida no planeta: os metais, usados para a fabricação de todo tipo de utensílios há muitos séculos, são obtidos por meio de transformações feitas pela metalurgia; os alimentos sofrem uma série de transformações por meio do cozimento; os processos de curtição das peles de animais transforma o couro para que ele possa ser utilizado em vestuário; ferramentas são empregadas desde os primórdios de nossa civilização; o tingimento de fibras envolve transformações que fazem absorver as tintas que lhes conferem diferentes cores; os corantes são obtidos por processos que envolvem várias transformações , inclusive químicas.
Os egípcios desenvolveram técnicas de extração de corantes de vegetais, os fenícios, de extração de tintas de moluscos.
Muitos outros desses processos foram desenvolvidos nas civilizações pré-históricas, como técnicas primitivas de transformação de materiais, as quais muitas vezes eram executadas como rituais religiosos ou de magia. Essas técnicas ritualísticas foram se somando a conhecimentos de diversos sábios, dando origem à alquimia.
Acredita-se que a palavra "química" tenha se originado nessa época. Alguns consideram que ela teve origem na civilização egípcia, advinda da palavra Khemeia, arte relacionada com mistérios, superstições, ocultismo e religião. outra hipótese é que tenha surgido da palavra grega chymia, que significa fundir ou moldar metais.
- O tesouro dos alquimistas
- A teoria do flogístico
Assim como a religião, a alquimia era fundamentada em
dogmas, ou seja, em crenças assumidas sem discussão. Para aceitar suas verdades
pré-estabelecidas não era necessário, portanto, fazer uso da experimentação
sistemática. Com o renascimento, no século XVI, essa maneira de pensar foi
mudando e uma nova forma de buscar o conhecimento surgiu: a ciência experimental moderna.
Essa mudança teve a contribuição de várias pessoas: o
médico, filósofo e alquimista suíço Paracelso, Philipus Aureolus Theophratus
Bombast von Hohenheim ( 1493 – 1541), mesmo ainda ligado á alquimia,
desenvolveu estudos que deram início à química médica (quimiatria). Vários
outros estudiosos, entre os quais se destaca o físico e químico irlandês Robert
Boyle (1627-1691), desenvolveram técnicas experimentais na produção metalúrgica
e na preparação de diversos materiais.
Todos esses estudos permitiram a elaboração de novas teorias, embora muitas ainda estivessem
impregnadas nos velhos conceitos dos alquimistas. Uma das mais marcantes para a história da Química foi a teoria do flogístico, proposta pelo químico alemão Georg Ernest Stahl (1660-1734).
Em 1731 ele propôs uma teoria explicativa para a combustão: segundo ele, os corpos combustíveis teriam como constituinte um "elemento". denominado flogístico, o qual era liberado durante a queima. Essa teoria ficou muito famosa na década de 1750.
Stahl afirmou que todo material perde algo no processo de queima. E batizou esse material perdido como flogístico, também denominado na época "espírito ígneo" . De acordo com essa teoria, quando um metal era queimado, liberava o flogístico, restando o que eles chamavam de "cal" do metal. O flogístico era considerado um dos elementos constitutivos da matéria, que seria liberado toda vez que um material sofresse combustão ou calcinação ( aquecimento em alta temperatura). Para transformar a "cal" em metal, bastava devolver o flogístico por intermediário do carvão. Esses processos poderiam ser explicados no esquema apresentados no pé desta página.
Embora as explicações baseadas na teoria do flogístico fossem razoáveis, ela apresentava incongruências em relação à variação de massa. Mesmo assim, foi aceita durante certo tempo.
No século XVIII, surgiram melhores explicações para a combustão. Antoine Laurent Lavoisier percebeu a importância do oxigênio para esse processo. A partir de experiências bem elaboradas e controladas, utilizando balanças de alta precisão (cujas sensibilidade e precisão poderiam rivalizar com algumas balanças modernas), ele mediu a variação de massa durante a combustão de diversas substâncias. Os resultados de seus experimentos demonstraram que havia conservação de massa durante as reações e permitiram que ele demonstrasse que a queima é uma reação com o oxigênio e que a cal metálica da teoria do flogístico era, na verdade, uma nova substância.
Lavoisier contribuiu de maneira significativa não só para derrubar a teoria do flogístico, mas para estabelecer um novo método de investigação que caracterizou o nascimento da Química como Ciência Experimental. O seu trabalho e de outros químicos da época, como o escocês Joseph Black (1728-1799), contribuíram para demonstrar a necessidade do uso de balanças dos estudos da Química.
Uma outra característica que sempre esteve presente nessa comunidade é o crédito na descoberta científica. A descoberta do oxigênio, por exemplo, foi reinventada por três químicos: o sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), que geou tal gás entre os anos de 1770 a 1773; o inglês Joseph Priestley (1733-1804), que preparou o gás em 1774, provavelmente sem conhecer o trabalho de Scheele, e o francês Lavoisier, que explicou a combustão pelo oxigênio.
Referência: Química e sociedade: volume único, ensino médio / Wildson Luiz Pereira dos Santos Mól, (coord.). - São Paulo : Nova Geração,2005.
No século XVIII, surgiram melhores explicações para a combustão. Antoine Laurent Lavoisier percebeu a importância do oxigênio para esse processo. A partir de experiências bem elaboradas e controladas, utilizando balanças de alta precisão (cujas sensibilidade e precisão poderiam rivalizar com algumas balanças modernas), ele mediu a variação de massa durante a combustão de diversas substâncias. Os resultados de seus experimentos demonstraram que havia conservação de massa durante as reações e permitiram que ele demonstrasse que a queima é uma reação com o oxigênio e que a cal metálica da teoria do flogístico era, na verdade, uma nova substância.
Lavoisier contribuiu de maneira significativa não só para derrubar a teoria do flogístico, mas para estabelecer um novo método de investigação que caracterizou o nascimento da Química como Ciência Experimental. O seu trabalho e de outros químicos da época, como o escocês Joseph Black (1728-1799), contribuíram para demonstrar a necessidade do uso de balanças dos estudos da Química.
- A Química como Ciência experimental
Medir, pesar, testar, provar. Esse foi o novo jeito de fazer ciência no estudo da Química que nasceu a partir dos trabalhos de Lavoisier. Foi uma das primeiras grandes mudanças de Paradigma da história da ciência. Paradigma é o padrão ou o modelo que norteia nosso modo de viver, trabalhar, fazer ciência. E é pela mudança de paradigmas que a ciência se desenvolve, segundo o físico e filósofo alemão Thomas Kuhn (1922-1996). Essa mudança é chamada de Revolução Científica.
Os historiadores divergem quanto ao período e aos fatos que marcam a revolução da Química. Porém, muitos concordam que essa revolução culminou com a publicação do trabalho de Lavoisier, Trailé élémentaire de Chimie (Tratado elementar da Química), em 1789.
Podemos destacar vários fatores que caracterizam a revolução no conhecimento químico:
Os historiadores divergem quanto ao período e aos fatos que marcam a revolução da Química. Porém, muitos concordam que essa revolução culminou com a publicação do trabalho de Lavoisier, Trailé élémentaire de Chimie (Tratado elementar da Química), em 1789.
Podemos destacar vários fatores que caracterizam a revolução no conhecimento químico:
- aumento no uso preciso de métodos quantitativos (baseados em medidas de quantidade e não simplesmente de qualidade);
- substituição da teoria do flogístico pela teoria da reação com o oxigênio;
- definição de elemento químico, substância e mistura;
- estabelecimento de um novo sistema de nomenclatura química;
- abandono da ideia de ar como elemento.
Como vimos, a mudança no modo de estudar os processos químicos que determinou o surgimento da Química como ciência experimental é denominada pelos historiadores de Revolução Química. Essa revolução ocorreu quando os químicos passaram a ter um método característico de investigação, uma linguagem própria e um sistema lógico de teorias para explicar seus processos.
O contexto histórico daquela época, caracterizado pelas profundas mudanças culturais e sociais como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, contribuiu para o estabelecimento da Química como Ciência. Os iluministas defendiam novas formas de compreender o Universo, por novos métodos, como os usados por Lavoisier. E a Revolução Industrial fez com que muitas pesquisas científicas fossem financiadas para desenvolver novas tecnologias. Isso contribuiu para que uma comunidade de pesquisadores começasse a adotar uma série de atitudes que caracterizam o trabalho científico.
Uma outra característica que sempre esteve presente nessa comunidade é o crédito na descoberta científica. A descoberta do oxigênio, por exemplo, foi reinventada por três químicos: o sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), que geou tal gás entre os anos de 1770 a 1773; o inglês Joseph Priestley (1733-1804), que preparou o gás em 1774, provavelmente sem conhecer o trabalho de Scheele, e o francês Lavoisier, que explicou a combustão pelo oxigênio.
Referência: Química e sociedade: volume único, ensino médio / Wildson Luiz Pereira dos Santos Mól, (coord.). - São Paulo : Nova Geração,2005.